quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Lados A e B


lado A

Em uma tarde silenciosa, lia meus livros de poesia. A monotonia das horas, para ela, era um fastio. Vestida toda de branco aproximou-se me reprovando: “Tu desprezas meus lábios para entregar-te a teus versos”. E foi-se com o passo lento, esperando que eu me pronunciasse. Displicente, levantei a cabeça e mirei seu andar de soneto. Mas o deleite das imagens e os sons enlouquecidos das palavras dominavam minha alma extasiada de admirar as curvas das elegias. Permaneci em silêncio contemplando as formas, ouvindo os poemas e suas promessas de paraíso. Ela partiu enraivecida, com o ego entristecido, e deixou-me embriagar com o néctar dos alexandrinos.

 
lado B

Em uma tarde silenciosa, lia meus livros de poesia. A monotonia das horas, para ela, era um fastio. Vestida toda de branco aproximou-se me reprovando: “Tu desprezas meus lábios para entregar-te a teus versos”. E foi-se com o passo lento, esperando que eu me pronunciasse. Displicente, levantei a cabeça e mirei seu andar de soneto. Seu caminhar heroico e seus braços nus de alegoria despertaram-me o desejo dos longos dísticos com rima. Tomei-a pelas costas, de surpresa, e minha pena embalou-a na cantiga e cada beijo completava uma estrofe da elegia que compus em seu leito. Ela permaneceu estendida, com o ego envaidecido, e deixou-me embriagar com o néctar de seus sorrisos.

 

do “Livro dos Textículos” de Flavio Quintale

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dia, modo de usar


Oito dias na vida de moradores de um prédio “numa povoação encostada ao mar a alguns quilômetros de uma cidade média” dá forma ao romance Debaixo de algum céu de Nuno Camarneiro, vencedor do Prêmio LeYa 2012. A referência ao romance La Vie mode d’emploi de Georges Perec é evidente e confirma-se logo na citação do romancista francês que abre o primeiro capítulo: “Rien n’est plus laid (les escaliers), plus froid, plus hostile, plus mesquin, dans les immeubles d’aujourd’hui”.

                Já no preâmbulo, o leitor vai se acostumando com o trabalho de linguagem presente em inúmeros trechos do livro: “O mar ouve-se de bravo e, quando não é o mar, é o vento a imitar-lhe a raiva” ou, mais adiante, “a biblioteca é vasta e antiga, os livros mortos nas estantes sem esperança de voltarem a viver. São fantasmas com milhares de palavras que jazem em repouso”. Também La vie mode d’emploi retrata a vida de moradores de um edifício, mas em Paris. Também tem um preâmbulo e seu primeiro capítulo fala de escadarias. Essas são apenas algumas pistas das relações entre as duas obras, certamente um tema para tese acadêmica em literatura comparada.  Nuno reafirma a tradição literária portuguesa, historicamente em diálogo com a francesa. Mas não se limita a ela. Há outras referências, entre elas, Dante e Ítalo Calvino.

De 25 de dezembro a primeiro de janeiro, acompanha-se parte da vida e da morte dos habitantes desse edifício. Nenhuma vida, nenhuma morte, pode ser conhecida em sua completude “porque é fácil contar o que acontece, mas faltam palavras para o resto [...] quando alguém conta um dia ou uma vida está a calar quase tudo, as vidas são imensas e não se podem contar só por palavras”.  

Um emaranhando de vozes compõe a narrativa. Diferentes perspectivas são contempladas. “O prédio em oito dias dobra muitas partes das vidas dos inquilinos. São vários os encontros de um morador consigo e com outros”. Nessa polifonia, aparece o padre Daniel com livros de autores como Kant, Schopenhauer, Nietzsche e Kafka em sua biblioteca. Leituras pouco ortodoxas, para esse padre que deixou a casa paroquial para viver no prédio.

David trabalha em casa. É funcionário de uma empresa virtual, PORVIR, ironicamente futurista. Na igreja, conhece a devota Teresa: “As primeiras mamas que vi foi atrás da sacristia, enquanto decorria a missa. Este é meu corpo, tomai e comei, redondas e tão brancas que eu nem sabia para que serviam, olhei-as e se as toquei esqueci-me, eram só lindas as duas, com umas pontitas em bico que desafiavam todas as lógicas que eu conhecia. Este é o meu sangue tomai e bebei”. A provocação, ao estilo de Saramago, é porque “a ideia de pecado mata mais do que todas as bombas, o dever e a culpa são morte antes da morte”. Deus, a religião e a hipocrisia religiosa são temas recorrentes da narrativa: “Filhos-da-puta dos que seguem o Senhor! Filhos de um cabaz de putas! Cabrões de merda, beatos de fim-de-semana, fodam-se uns aos outros e deixem Deus para quem precisa!”, grita um homem descontrolado dentro da igreja. Não é gratuito a história estar ambientada no período natalino.

Nesse edifício, microcosmo do mundo, todo leitor se identifica de alguma maneira: “O Natal de um prédio é cheio de coisas felizes, que algumas se digam para que não se esqueçam. Tristezas não pagam dívidas e alegrias não contam histórias, mas umas e outras compõem vidas, de umas e outras se faz o tempo de uma história”. O tempo em que decorre nossa história, nossa vida, não é mesmo um emaranhado de alegrias e tristezas?

Ao apresentar vidas, esse romance de Nuno Camarneiro, é também uma grande indagação sobre a morte. “A perda dos corpos é por ora compensada com o bulício de quem ficou, não há o silencio, só ansiedade, perguntas e mágoas”. A leitura do livro do Apocalipse na missa de primeiro do ano e a homilia do padre Daniel trazem enorme carga simbólica à obra. História pessoal e história da humanidade entrelaçam-se. Tombará a noite no prédio, como tombará a morte na vida de todos nós: “Em breve será noite no prédio. A história apagar-se-á com o sol, recolhendo-se para dentro de quem a viveu e de quem soube escutar”. Nuno nos convida a escutá-la.  Vivê-la antes que acabe. Deixar “um último sonho atrasar o dia”.

 por Flavio Quintale

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

James Jazz Festival

 
   A epígrafe de Fitzgerald, “na noite profunda e escura da alma, são sempre três horas da madrugada”, logo de cara, e a lista de músicas a serem ouvidas durante a leitura prevista no canal do Youtube do livro (ver abaixo) dão o tom do romance A viagem de James Amaro de Luiz Biajoni publicado pela Língua Geral.  O Jazz, improvisação por excelência, dá o ritmo musical da narrativa. É uma experiência singular.
   James Amaro ecoa, em diversos momentos, The Great Gatsby. De família abastada, “usava calças e tênis de marcas importadas, algo raro naquele tempo”, sem contar os carrões de luxo, ele tem imensa atração por mulheres: “estava sempre atrás das meninas”.
 
   James torna-se advogado. Burguês casado e canalha. Com seu incansável “instinto de predador sexual” tem sempre segundas intenções com estagiárias, para tristeza da esposa Amanda. James Amaro, vara doce, é um sedutor implacável. E o Jazz faz parte da estratégia: “se você quiser comer mulheres, ouça jazz!”. Não é gratuito o jogo de palavras. Amanda ama Amaro. Mas amar James é amargo, “machista misógino”. 
   Assustado com uma amante suicida, procura sair daquele mundo. Viajar, representaria uma nova vida para James. Junto com o velho amigo reencontrado, Alex Viana, à beira de um suicídio,  empreende uma aventura On the Road, pelo interior de São Paulo e Paraty. “Caímos na estrada”. Thelma & Louise, cada um narra sua história e o leitor vai se familiarizando com os personagens. Alex Viana viveu em Londres e conta suas aventuras, para surpresa de James e do leitor, que atento, já poderia reconhecer, bem antes, o antagonismo que eles representam. Alex Viana avisa: “o único problema é que não como carne”. Ao contrário de James, que come, o tempo todo, maminha e fraldinha, na churrascaria e na cama.
   O romance, com variações de narradores, questiona a sociedade que julga as pessoas pelo o que têm e conseguem e não pelo o que são. “Ele estava meio que acima de todos, devido à sua condição social”. Pululam referências musicais e cinematográficas interagindo com temas como homossexualidade, AIDS, câncer e infanticídio.
 
   Os amigos purgam mutuamente o passado e fortalecem a amizade. O banco do carro torna-se uma espécie de divã que cura seus traumas e que os permitem a reconciliação, de alguma maneira, com a vida. O leitor se reconhece em vários momentos do romance. E irá certamente  considerar que, afinal de contas, a própria existência merece sempre uma nova chance.
 
por Flavio Quintale

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Toma chocolate, paga lo que debes


Vire e mexe vem gente vender coisas para mim. Recentemente uma moça tocou a campainha de casa e, pelo interfone, anunciou que eu havia sido escolhido entre os moradores do bairro para ter um desconto de vinte e cinco por cento nas contas de luz, gás e água.  Estava pensando em tudo naquele instante, menos nas contas de luz, gás e água. Já basta o sofrimento no dia do pagamento. Foi bem no momento em que, saboreando um café forte, lia o jornal The Independent que anunciava, com grande alarde, a proposição de Berlim em acolher cerca de 800 mil refugiados sírios no país. Alguns eufóricos veem a medida como parte de um pagamento humanitário que a Alemanha deve ao mundo. De fato, a medida é louvável. O mundo assiste o desespero de famílias em fuga em busca da sobrevivência. Fotos chocantes inundam nosso cotidiano. Dar-lhes um lar e perspectiva de futuro é um ato de solidariedade invejável. Por outro lado, a Dinamarca faz anúncios na imprensa da região dos conflitos desencorajando os refugiados a tentarem entrar em seu país. Os dinamarqueses leem a história do Patinho Feio de Andersen desde pequenos. Uma parte da população europeia teme o avanço mulçumano ainda maior no continente que pode vir com os refugiados. Foram séculos de luta pela liberdade religiosa. Revoluções e perseguições que custaram muitas vidas. O proselitismo islâmico assusta muitos dos que se opõem a recebê-los. Os partidos xenófobos ganham força. Michel Houellebecq não fez sucesso com seu Soumission por acaso. Esse é o cerne das discussões na Europa, não é somente a questão econômica.

                Mas como ouvi, pelo interfone, a palavra “desconto”, senti um “tim” nos meus ouvidos.  Fiquei interessado em ouvir a boa nova. Fui até a porta atendê-la em ritmo de chachachá. Ela pediu para entrar. Cordialmente, levei-a para se sentar à mesa que temos no jardim. Lá, comemos em família nos dias quentes, nos dias de festa e nos dias de churrasco. Ela se acomodou e começou a explicar que eu receberia um desconto de 25% se trocasse de companhia. Para tanto, eu deveria pagar uma multa para minha atual fornecedora. Ou seja, ela não me disse, mas fazendo os cálculos, no final das contas, a mudança me custaria mais caro. Educadamente, disse que não tinha interesse. Com certa irritação, ela insistiu em me convencer. “O senhor não quer ter desconto?” Entendo. Ela depende de persuadir as pessoas para ganhar uma comissão que, imagino, coitada, deve ser bem irrisória. “Não. Não quero”. Surpresa, ela começava a perder a esperança, até que argumentei que todas essas empresas eram geridas por delinquentes, querendo sempre explorar o consumidor. Vendo meu descrédito no sistema, desolada, ela concordou em ir embora.

Sem deixar de falar em faturas a pagar e voltando a tratar do caso espinhoso, sou obrigado a fazer uma confissão: suspeito de tanto amor. Estrangeiro que viveu tantos anos na Alemanha, como é o meu caso, terá provavelmente a mesma desconfiança que eu. É preciso tomar cuidado. Poderão ser criados guetos, como já existem em muitos lugares com os turcos. Quantos dos meus estudantes turcos, mesmo os mais brilhantes, já não foram vítimas de preconceito? O sobrenome é, em muitos casos, critério de seleção. O próprio governo já reconheceu que a integração é um fracasso. Mas não são eles um excelente exército de mão de obra barata? Gente para executar serviços que o alemão não está disposto a fazer. Gente jovem para garantir a aposentadoria dos mais velhos. É aquela história: toma chocolate, paga lo que debes. Um dilemme cornélien. Se ficam, morrem de bombas; se fogem, são massacrados psicologicamente. De presente de grego, até os gregos estão fartos. Eles conhecem bem a chanceler alemã. Em suas mãos, tudo vira negócio. Pode ser um Cavalo de Tróia. Atraí-los para um lugar único e depois encontrar outra solução, que nada tem a ver com afeto e solidariedade. Será? Tomara que não. Oxalá seja a vitória da fraternidade entre os povos. Mas não ponho minha mão no fogo. Já chega queimá-la com as contas de luz, gás e água.
por Flavio Quintale

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

As tribulações de um jovem Sefirot caótico


“Lembrei-me das palavras dos antigos cabalistas, alertando que a diferença entre luz e trevas é ilusória, pois ambas são únicas em natureza, e não há luz sem trevas, e não há trevas sem luz”. Essa citação intrigante colhida na página 27 é, em certo sentido, o tema fundamental do consistente romance Uma leve simetria de Rafael Bán Jacobsen publicado pela Não-Editora. 

Mas o leitor não precisa ter lido Gershom Scholem, muito menos ser conhecedor do Zohar ou do Bahir, para seguir essa narrativa envolvente onde tudo se refere ao duplo, ao real e ao ilusório, ao ser e ao parecer. A dicotomia aparece na personagem Daniel. Basta o leitor o seguir, atento a sua consciência atormentada e as suas aflições, para compreender o quanto ele sofre com seus escrúpulos e dilemas. As perturbações de um sujeito profundamente religioso ao descobrir desejos homossexuais: “se olharmos friamente para a Lei, nada impede o gostar; contudo, a realização é vedada”.               

Utilizando-se da imagem dualista da mística judaica, Rafael apresenta um tema extremamente atual, que atinge em cheio a sociedade brasileira. Em tempos de discursos intransigentes e apoderação de grupos religiosos da mídia e da máquina política nacional, o romance problematiza o drama do sujeito individual, esquecido dos grandes debates públicos, na luta com seus demônios pessoais: “Deve ser tão bom ter um Deus que se pode ver, pensei. O meu, contudo, permanece invisível, invisível e grandioso como a guerra travada dentro de mim”.

A obra está recheada de referências ao Pentateuco e diferentes versículos do Salmo 119 separam os capítulos. Sem contar as inúmeras passagens de ensinamentos da Kabbalah como: “no vazio de infinitos grãos, incontáveis mônadas, fadadas ao nada, espelhando o universo inteiro”. E, embora as alusões ao mundo judaico sejam constantes, o romance não se fecha ao particular, pelo contrário, aborda uma problemática ampla, vivida também por cristãos e mulçumanos.

Como um personagem de Kafka, o medo de um Deus rigoroso e vingador também atribula os seus: “adiante, na escuridão, o Rei os observava”. E, ainda que o romance não tenha nada de kafkiano, ele é absolutamente kafkiano. Fala de uma coisa para muitos para falar de outra para poucos. Não são também O Processo e O Castelo monumentos da Kabbalah em forma de romance? O leitor tire suas conclusões. 

                A narrativa é bem construída e Rafael demonstra grande conhecimento de teologia e filosofia, além de ter competente domínio da escrita, refletidas nas construções e no vocabulário apurado que permeiam a obra. Curiosamente, para o mundo em que vivemos, esse talvez seja o seu maior pecado.

por Flavio Quintale

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Speak, illusion


Dios en la niebla, pieza de teatro de Natalia de la Llana, se estrenó en la ciudad de Aquisgrán, Alemania. La sala estaba llena y el público que compareció seguro que no salió decepcionado. Al ser puesta en escena, la obra ganó una dimensión de colores y problemáticas que no se revelan tan fácilmente en la lectura del texto. Claro que el teatro es representación antes de todo y esto se probó una vez más en esta obra. Las partes más densas ganaron vivacidad en diálogos ligeros y en ningún momento la platea se quedó aburrida, a pesar de tratarse de una pieza seria. Seriedad muchas veces rota por el humor y la ironía, en particular del demonio representado de manera notable por Mónica Rodríguez con sus gestos y caras maliciosamente diabólicas. Aquí véase el débito de la autora al Mefistófeles del Fausto de Goethe, con quien dialoga abiertamente. 
 
De una parte, es una pieza sobre la soledad humana, “no hay peros. Estamos solos. Solos.”, tema tan caro a la tradición latinoamericana, si uno piensa en Cien años de soledad de García Márquez o El laberinto de la soledad de Octavio Paz, pero esto no sería suficiente para que la obra pudiese llamar particularmente la atención. Que estamos solos en el mundo contemporáneo ya es algo sabido. Pienso que lo que despierta el interés en Dios en la niebla es su discusión sobre la desilusión y la ilusión del hombre con la vida y de Dios con su creación.

Ilusiones humanas profesionales, la frustración con la carrera; económicas, la crisis que afecta el día a día de las personas; amorosas, Augusto, el protagonista, que lamenta no haber amado suficientemente a su mujer, ahora muerta, y, después, la desilusión con el nuevo amor; filosóficas, la comprensión socrática de descubrir que nada de lo que se sabe vale la pena, “¿Fuimos alguna vez otra cosa más que intérpretes de una realidad que no acabamos de comprender?”; existenciales, pues Augusto, grande ya en el nombre, se reduce a la nada, porque nada es lo que a él le gustaría ser; y religiosas, sus dudas y cuestionamientos sobre la fe, la Iglesia y Dios, que no hace nada para paliar los sufrimientos humanos y los males del mundo: “la compasión es el recurso de los débiles”.

Ilusiones y desilusiones como espejos. El ángel y el diablo, el profesor y la estudiante, la vendedora y el comprador, el patrón y la empleada y, finalmente, Dios y el hombre. Desilusiones no solo del hombre, sino también de Dios. Un Dios que no sabemos dónde está, si es que está en alguna parte. Creo que esa es la gran originalidad de la pieza. No hablar solo de la soledad o de la desilusión del hombre, sino imaginar estos mismos sentimientos en Dios. Desilusionado consigo mismo por la creación a la que ha dado vida, es el responsable en última instancia de los horrores del mundo y del abandono que siente el ser humano.

“Creo que ahora corresponde que juzguemos a Dios”, propone el diablo, “¡Pongamos bajo la lupa las acciones del Todopoderoso!”. Nietzsche mató a Dios, pero no todos están  acostumbrados a esa idea. Hay todavía una niebla que no nos deja ver el final, si hay un Dios que está o no en la niebla unamuniana. Si no hay, está tal vez perdonado. Si hay, ¿por qué no hace nada?: “¿Está bien que decline sus responsabilidades y nos deje solos?”. Si está muerto, ¿por qué insistimos en resucitarlo? Al iniciarse la pieza encontramos a Fausto, al salir, ya estamos Esperando a Godot. ¿Sale o no sale Godot de la niebla?

Dios en la niebla (Ñaque Editorial)  es una pieza que merece estar en los teatros madrileños y de toda España. Los españoles ganarán una gran contribución a su dramaturgia, ya tan rica. El mundo de las letras lo agradece.
 
por Flavio Quintale

Fotografía: Michael Lejeune